Blog da Celina


domingo, agosto 27, 2006


A casa da minha avó


Ai que saudades que eu tenho... Como diria Casemiro de Abreu...
Não só dos meus oito anos, mas de toda minha infância...
Das férias passadas na casa da vovó Lula.

Da rua de terra e da calçada de pedras,
Do portão de ferro que não fechava direito
Com as letras JC bem no alto.

E do terraço? Com uma escada de quatro degraus,
Um piso com ladrilho e uma grade de ferro,
Onde brincávamos de quatro cantos ou foguinho.

As salas eram enormes para meu olhar de criança.
Na de visitas havia uma mesa de centro alta, bem alta,
E um tapete que era um felino com dentes pontiagudos.

Na sala de jantar o que eu mais gostava era a cristaleira...
Que linda a cristaleira da vovó...
Hum e cadeira de balanço? Que delícia...

Na parede o relógio carrilhão, que batia sem parar.
Que som! Tão agradável aos meus ouvidos,
Que ainda hoje os ouço em momentos de ternura e recordações.

A cozinha... A cozinha era um lugar especial. Que cheiro bom!
Que calor agradável, com um fogão muito grande que vivia aceso.
E a mesa então. Nunca tinha visto tão grande para minha vivência infantil.

Na cozinha tinha uma porta para a dispensa... Que delícia de dispensa.
Caixas de mantimentos eram dispostas umas ao lado das outras.
Açúcar cristal e farinha de milho... Hum....

No jardim... Lembro-me bem da espinheira santa, das samambaias,
Do brinco de princesa e das azedinhas, ai que delícia...
E o piso que era de tijolos.

Mais no lá fundo um canteiro de couve e alguns pés de erva doce.
Virando à direita o tanque de lavar roupas , um portão de madeira
E a seguir o galinheiro com muitas galinhas e alguns patos.


Mais adiante umas garagens onde se guardavam carroças e charretes
E o portão largo que dava pra rua...
Um portão estreito que entrava pelos fundos da casa do Yoyô.

Chegamos agora a um lugar encantado.... O pomar....
Muitas árvores que não me recordo de todas.
Mas estava lá a goiabeira que pertencia a mim e a MLúcia.

Bem no fundo do pomar, fazendo divisa com o quintal do tio Luiz,
Havia uma pereira, sim uma pereira com as peras mais gostosas
Que eu já provei na minha vida...

Percorro esses recantos de olhos fechados e sinto um calor
E um cheiro de gente, de comida na mesa, de lenha queimando,
De flores aos pés de Santa Margarida.

Ouço o som do relógio, o ranger das portas,
O chiado da cadeira de balanço, vozes de crianças,
E a braveza da Inhá Dita por causa dos gatos.

Sinto uma recordação gostosa, uma lembrança risonha,
Um calor aconchegante de colo de mãe.
Ai que saudades que eu tenho da casa da minha avó.

Celina Sandoval
Marília, 27 de maio de 2006.

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